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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Fitzcarraldo - Werner Herzog

É difícil abordar Fitzcarraldo sem antes mergulhar na propensão obsessiva de seu diretor, Werner Herzog, assim como em sua confusa colaboração frequente com o ator Klaus Kinski.É verdade que tanto Jason Robards quanto Mick Jagger haviam originalmente aceitado o papel e somente após a desistência de ambos Herzog entrou em contato com Kinski.Não é para menos:a trama do filme exemplifica a lendária tenacidade tanto de Herzog quanto de Kinski.

 No filme,o amante de ópera Brian Sweeney Fitzgerald (Kinski) jura levar a música aos confins mais remotos do Peru.Primeiro,contudo,precisa ficar rico para financiar esse objetivo quixotesco,e seu plano envolve puxar um grande barco a vapor por cima da crista de uma montanha até um lote de terra onde ele poderá recolher borracha das seringueiras.Naturalmente,ou talvez tipicamente,fazer um filme que mostra tal façanha quase impossível,sobrecarregada de obstáculos difíceis de serem transpostos,acaba se tornando um suplício por si só.Ferimentos,insanidade,dor,doença e até mesmo morte surgiram na busca de Herzog para levar às telas uma visão tão única e impressionante como a de Fitzcarraldo.


Herzog filmou nas profundezas da selva tropical do Equador e do Peru,embora a temática indicasse à Amazonia,porém não muito diferente,lidando com todos os desafios inerentes,de mosquitos a deslizamentos de lama.Para captar imagens de uma expedição de balsas ameaçada por pergiosas corredeiras,Herzog e uma pequena equipe de fato desceram essas corredeiras.Ainda mais impressionante foi o fato de que,para mostrar o barco a vapor sendo transportado montanha acima,Herzog fez exatamente isso,retratando o esforço com verossimilhança de um documentário.Boa parte do difícil processo de filmar Fitzcarraldo é mostrada no documentário igualmente instigante de Les Blank "Burden of Dreams" no qual vemos Herzog empenhado em seus esforços e à beira de um colapso total.
Fitzcarraldo chega a ser ingênuo.O otimista amante de ópera representado por Kinski e apelidado de 'Fizcarraldo' pelos peruanos é movido tanto por idealismo quanto por intransigência. Os nativos, muito curiosos, o ajudam a realizar seu sonho em parte por causa de sua inocência, exuberância e total paixão pela ópera,que ele toca em um velho toca-discos victrola que carrega consigo para todo lado.Enquanto o barco é puxado montanha acima,Fitzcarraldo está no convés superior, refulgente, enquanto sua victrola toca a pleno volume o cantor de ópera Enrico Caruso.É uma visão ao mesmo tempo surreal e inspiradora,simultaneamente anunciando uma realização que é tanto dramática (em termos de narrativa) quanto impressionantemente tátil e ousado (em termos de processo de criação cinematográfica).

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